Resolvi escrever sobre esse tema por uma seqüência de acontecimentos. Cerca de um mês atrás, escrevi o artigo “Especialidades de Estudo da Natureza, coleções e legislação ambiental”. Enquanto li sobre esse assunto, também li sobre animais ameaçados de extinção, um assunto que sempre me interessou. No final do ano passado, o Alberto e eu tivemos a idéia de formar um grupo para trabalhar na revisão, tradução e criação de especialidades. Iniciamos pelo levantamento de quais especialidades seriam interessantes de ser traduzidas e criadas. Adivinhem que especialidade entrou na nossa lista? Animais Ameaçados de Extinção. É a especialidade Endangered Animals, da Divisão Norte-Americana. Li e pesquisei mais sobre o assunto para traduzi-la e respondê-la. Quando terminei esse trabalho, o Alberto sugeriu que eu escrevesse sobre isso, pois é um tema bem interessante.
Primeiramente, o que é extinção? É o total desaparecimento de espécies, subespécies ou populações de espécies. Os dois primeiros casos são casos de extinção e o segundo é um caso de extinção local. Exemplificando:
- O Dodô (Raphus cucullatus), aquele ave que aparece no desenho A Era do Gelo, era uma ave não-voadora da Ordem dos pombos que vivia nas Ilhas Maurício e foi completamente extinta em 1681.
- Os tigres estão entre os animais mais ameaçados de extinção, porém três subespécies de tigre já são consideradas extintas: tigre-de-bali (Panthera tigris balica), tigre-de-java (Panthera tigris sondaica) e Tigre-do-cáspio (Panthera tigris virgata). Existem mais seis subespécies de tigre, todas ameaçadas de extinção.
- O salmão-vermelho (Oncorhynchus nerka) possui populações em diferentes lugares, sendo que em alguns lugares esta espécie é considerada extinta.
Agora, o que são espécies ameaçadas de extinção? São aquelas que se encontram em perigo de extinção, sendo sua sobrevivência incerta, caso os fatores que causam essa ameaça continuem atuando. Essas ameaças podem ser causadas pelos seguintes fatores:
- Perda e degradação dos habitats;
- Alterações climáticas;
- Carga excessiva de nutrientes ou outras formas de poluição;
- Sobrexplotação e uso não sustentável;
- Espécies exóticas invasoras.
Mas quais são os critérios para inclusão de uma espécie na lista de espécies ameaçadas? Não existe um consenso sobre esses critérios, mas os mais conhecidos e aceitos mundialmente são os da Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de Extinção da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), ou simplesmente Lista Vermelha da IUCN. Esta lista obedece a critérios precisos para avaliar o risco de extinção de espécies, subespécies e populações de espécies em todo o mundo e constitui um dos inventários mais detalhados sobre o estado de conservação mundial de várias espécies. Nesta lista existem nove categorias, sendo que três delas são de espécies ameaçadas.
- Extinto (EX) – Extinct: quando não restam dúvidas de que o último indivíduo morreu. Não existe vivo em cativeiro.
- Extinto na natureza (EW) – Extinct in the Wild: apenas conhecida como sobrevivendo por cultivo, em cativeiro ou como população naturalizada, fora da sua área de distribuição conhecida.
- Criticamente em Perigo (CR) – Critically Endangered: se considera que a espécie enfrenta um risco de extinção na natureza extremamente elevado.
- Em perigo (EN) – Endangered: se considera que a espécie enfrenta um risco de extinção na natureza muito elevado.
- Vulnerável (VU) – Vulnerable: se considera que a espécie enfrenta um risco de extinção na natureza elevado.
- Quase Ameaçado (NT) – Nearly Threatened: não se enquadra em nenhuma categoria no momento, mas sendo provável que lhe venha a ser atribuída uma categoria de ameaça num futuro próximo.
- Menos Preocupante (LC) – Least Concern: categoria de risco mais baixo. Não qualificável para uma categoria de maior risco. Táxons abundantes e amplamente distribuídos são incluídos nesta categoria.
- Dados insuficientes (DD) – Data Deficient: Quando não há informação adequada para fazer uma avaliação direta ou indireta do seu risco de extinção.
- Não avaliada (NE) – Not Evaluated: ainda não foi avaliado pelos presentes critérios.
As espécies são incluídas nas categorias por pelo menos um dos seguintes critérios:
- Critério A – Redução das populações;
- Critério B – Distribuição geográfica;
- Critério C – Tamanho populacional;
- Critério D – Espécies com distribuição muito restrita ou muito pequena;
- Critério E – Análises quantitativas.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com a Fundação Biodiversitas, lançou em novembro de 2008 o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, uma publicação que traz um amplo conjunto de informações das espécies presentes nas Listas Nacionais Oficiais de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. Essa lista é elaborada com base nos mesmos critérios e resultando nas mesmas categorias de ameaça.
O Brasil é o 4º país no ranking de animais que estão ameaçados de extinção, o 1º em número de aves e 4º na lista de mamíferos. Atualmente, a lista brasileira da fauna ameaçada de extinção consta de 644 espécies, sendo 69 mamíferos, 160 aves, 20 répteis, 16 anfíbios, 160 peixes e 209 invertebrados. Desse total, sete espécies são consideradas extintas e duas extintas na natureza.
Quem já ouviu falar da ararinha-azul? Pois é, ela é uma das espécies que está extinta na natureza. O último exemplar silvestre desapareceu em 2000, restando pouco mais de 60 indivíduos em cativeiro, a maioria fora do Brasil. Mesmo assim, ainda existem esforços que buscam o aumento da população em cativeiro, visando futuras reintroduções.
Entre as espécies extintas e extintas na natureza, além da ararinha-azul, temos três aves (o mutum-de-alagoas, o maçarico-esquimó e a arara-azul-pequena), uma perereca, uma libélula, uma formiga e duas minhocas.
Infelizmente essas espécies não existem mais, então não correm mais riscos. Porém existem mais 635 espécies brasileiras, algumas delas bem conhecidas, que estão correndo algum risco de extinção, ou seja, estão classificadas em uma das três categorias de ameaça (Criticamente em perigo, Em perigo e Vulnerável).
Por exemplo, a onça-pintada (Panthera onca). Considerada um símbolo da exuberância da vida silvestre, agora essa espécie também é considerada um símbolo de campanhas pela preservação da biodiversidade. O maior felino das Américas consta como Vulnerável na lista de espécies ameaçadas de extinção, mas está à beira da extinção na Caatinga e na Mata Atlântica (risco de extinção local). E mesmo na Amazônia e Pantanal sua situação não é tão favorável quanto se imaginava. A onça-pintada vai ganhar um Plano Nacional de Conservação, que será gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Outro exemplo é o mico-leão-dourado (Leontopithecos rosalia). Desde os anos 70 ele é considerado um dos símbolos da conservação da biodiversidade, pois há muito tempo está ameaçado de extinção, praticamente extinto com a devastação da Mata Atlântica. Com o Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado, a espécie ficou numa situação melhor, porém ainda está entre as ameaçadas de extinção, classificada como Em perigo.
A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) é a maior das espécies de tartarugas marinhas. Sua carapaça não é ossificada como nas outras tartarugas-marinhas, sendo revestida por um tecido coriáceo, que deu origem ao nome da espécie. Pode atingir até 700 kg e 180 cm de comprimento, sendo também chamada de tartaruga-gigante. Essa espécie tem status de Criticamente em perigo, sendo que o número anual de fêmeas que se reproduzem no litoral brasileiro, estimado a partir do número de desovas, situa-se entre dois e 19 indivíduos.
Mas o que nós, Desbravadores, temos com isso?
Gostaria de iniciar essa reflexão com os seguintes textos bíblicos:
Deus os abençoou, e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra“. (Gênesis 1:26-28).
O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo. (Gênesis 2:15).
Traduzindo: Deus nos constitui por mordomos dele, nos delegou a responsabilidade de cuidar da natureza. Subjugar, dominar, cuidar, cultivar. Todas estas são ordens de Deus quanto à mordomia da natureza. Precisamos entender que a nossa função é a de administrar e não a de destruir. Devemos cultivar a natureza, e não apenas explorá-la.
Todas as nossas atitudes devem estar de acordo com esse princípio. Se eu sei de algo que é prejudicial à natureza e continuo fazendo, estou sendo negligente com a tarefa que Deus me delegou. Estou ignorando a ordem de Deus que me diz para cuidar da natureza. Que possamos entender essa ordem e segui-la em todos os aspectos de nossa vida.
Para sugestões, reclamações ou dúvidas, deixem um comentário ou enviem um e-mail para: mateus_mbs@yahoo.com.br
SITES INTERESSANTES:
International Union for Conservation of Nature
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2008. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. 2 volumes. MACHADO, ABM., DRUMMOND, GM. and PAGLIA, AP. (Eds.). Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Biodiversidade 19. Disponível em:http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=179&idConteudo=8122&idMenu=8631
bom