No mundo globalizado em que vivemos, temos a tendência de não termos tempo para as coisas que realmente são importantes. Passamos tantas horas focados em trabalho, estudo e outros planos para desfrutar de um futuro melhor, que acabamos por esquecer de desfrutar dos momentos presentes.
Com certeza você já ouviu que “passamos a vida gastando a saúde em busca de um futuro melhor, e quando chegamos no ‘futuro melhor’, não podemos desfrutá-lo porque perdemos nossa saúde”.
Justamente por estarmos inseridos nesta correria global, deixamos o relacionamento interpessoal adequado de lado. Passamos pelo mesmos lugar todos os dias, vemos as mesmas pessoas e não sabemos quem elas são… Ou pior, às vezes chegamos a não saber quem são de verdade nossa família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho ou outros, porque não tiramos tempo para prestar a eles um pouco de atenção e desenvolver um relacionamento individual com cada um.
Esta semana, enquanto revisava semântica, comecei a refletir em como os hiperônimos são comuns em nossa vida. Muitos devem estar se perguntando: o que são hiperônimos? Vamos à definição então: segundo o dicionário Priberam, Hiperônimos [Linguística] são palavras que, em relação a outra ou outras com significado mais específico, tem um significado mais geral ou abrangente (ex.: flor é hiperônimo de rosa). Para facilitar, vamos entender o que são hipônimos. Estes têm sentido mais restrito que os hiperônimos, ou seja, hipônimo é um palavra mais específica. Por exemplo: rosa, violeta e margarida são hipônimos de flor.
Agora que você já viu as definições, por que digo que nossa vida está lotada de hiperônimos? Reflita um pouco sobre como somos propensos a rotular os grupos pelos seus hiperônimos, por exemplo: os desbravadores (no lugar do(a) João, Pedro, Carla, Ana e etc…), os irmãos da Igreja (no lugar do(a) irmão(a) Marcos, Pablo, Beatriz, Rute e etc…), os colegas de trabalho, os vizinhos, os vendedores, os gerentes, os motoristas…
Esquecemos que por trás de todas estas titulações estão indivíduos, que às vezes precisam de nossa atenção, cuidado, afeto, compressão ou simplesmente de um amigo. No que diz respeito ao contexto do nosso grupo em especial, que são os desbravadores, temos que nos comprometer mais em fazer parte da vida de cada juvenil e adolescente dos nossos Clubes. É muito fácil chegar a uma reunião do Clube e começar a falar: atenção desbravadores; unidade “x” ou “y” façam suas atividades; conselheiros não esqueçam suas responsabilidades; instrutores deem suas instruções adequadamente. Com todos estes hiperônimos, esquecemo-nos dos hipônimos, não a palavra em si, mas os indivíduos por trás de cada um destes grupos.
O papel que temos como líderes é trabalhar com todo o grupo e fazermos com que cada um descubra seu papel dentro da equipe, mas não podemos ser negligentes em relação ao convívio pessoal. Apesar de lideramos um grupo, cada indivíduo deste grupo precisa perceber que ele é importante e que pode contar conosco em todos os momentos.
Neste século a grande tendência das pessoas é se tornarem individualistas e focarem apenas em seus problemas, suas necessidades, suas frustrações, suas conquistas e muitas vezes deixam de ser um instrumento para a felicidade e bem-estar dos outros. Existem pessoas sucumbindo à nossa volta, e o que fazemos? NADA, simplesmente continuamos andando pensando em como lidaremos com nossas preocupações. É natural pensarmos em nós, mas é importante desenvolvermos empatia pelas pessoas, relacionarmo-nos com elas e demonstrar que não estamos sozinhos em uma ilha. Uma coisa é certa: os relacionamentos não só beneficiam o outro, mas a nós também.
O maior exemplo que temos é de um Ser que tinha tudo para tratar este insignificante planeta como apenas mais um e destruí-lo completamente após sua rebelião: Jesus! Mas Ele fez justamente o oposto, tratou-nos com exclusividade, deixou toda sua gloria e veio a este insignificante planeta para que você, o Alberto, a Éveni, o Mateus, a Samira, o Denis, o Jônatas, o Geraldo, a Tânia, o Gabriel, a Maria, a Elisama, a Alice, a Gisele, eu, enfim todos pudéssemos ter a oportunidade de salvação.
O mais lindo de tudo isso é que Deus não apenas deu uma ordem e consertou tudo, Ele relacionou-se conosco, viveu entre nós, comeu com a gente, deu atenção, carinho e se sacrificou por nós. Apesar de ter morrido por todos (hiperônimo), Ele se relaciona com cada um individualmente (hipônimo), para que cada um se sinta amado e importante.
Vamos fazer um compromisso? Tente este final de semana deixar os “hiperônimos” um pouco de lado, principalmente porque muitos estão sensíveis em lembrança ao dia dos finados, que foi ontem. Pratique o hipônimo dos grupos que você está inserido e você verá que por trás de cada rótulo existe uma pessoa que, acima de qualquer circunstância, precisa ser amada.
Faça o teste e depois compartilhe conosco suas experiências! Poderemos então fazer outro post, mostrando os resultados destes novos relacionamentos.