“A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira”. Provérbios 15:1 NVI
Esse é um verso bíblico muito conhecido e não conheço ninguém que duvide de sua veracidade. Tenho presenciado essa verdade de um modo interessante e gostaria de compartilhar com vocês.
Sou conciliadora voluntária em um Juizado Especial aqui em Taguatinga/DF, essa seção especial em um Fórum é o que as pessoas chamam de “juizado de pequenas causas”. Lá só pode haver causas de até R$ 20.400,00, se for um valor menor que R$10.200,00 nem precisa de advogado.
A audiência de conciliação é uma oportunidade das partes de um processo entrar em um acordo. Se isso acontece não é necessário o juiz julgar, vale o que as pessoas decidirem.
E é aí que eu entro, tento intermediar os conflitos para que a maioria das pessoas consiga entrar em acordo. Geralmente os autores da ação chegam na audiência muito nervosos, não querem abrir mão de um centavo ou querem receber uma indenização absurda. Nessa hora a postura da parte contrária faz toda a diferença.
Se ele demonstra empatia pelo desgosto do autor e se fala com palavras calmas e educadas, a possibilidade do acordo aumenta muito. Às vezes, o autor concorda em receber um valor menor e sai de lá satisfeito.
Mas se a parte contrária debocha do autor ou fala palavras ríspidas, raramente fechamos um acordo e mesmo que isso aconteça a pessoa sai de lá magoada. Muitas vezes as empresas têm que pagar uma alta indenização a um consumidor só porque seu funcionário não soube negociar, não soube usar as palavras certas nas horas certas. Se saber conversar é importante quando há três mil reais em jogo, mais ainda é quando o que está jogo é a salvação de nossos garotos, uma amizade de anos ou um casamento.
Reuniões de comissão ou de diretoria muitas vezes terminam com várias pessoas feridas por palavras ríspidas. E aí surge um problema muito sério. Pessoas podem afastar-se da igreja quando se sentam humilhadas pelas nossas palavras. Nossas idéias serão muito mais aceitas se falarmos com carinho e delicadeza.
Outro fator é como abordar o desbravador problemático? NUNCA podemos gritar com um desbravador e menos ainda xingar. Isso pode trazer problemas para o desenvolvimento dele, afastá-lo do clube e até mesmo dificultar que os pais não adventistas apreciem a igreja. Devemos falar com ele com firmeza e amor, se ele é pequeno devemos nos abaixar e falar olhando nos olhos dele.
Também há a questão das brincadeiras “sem graça”. Eu particularmente não gosto de chamar ninguém de apelidos, mesmo que a pessoa aparentemente não se importe em ser chamada de “japa”, “girafa”, entre outros. Não sabemos se a pessoa está de bom humor naquele dia. Se ela estiver passando por um problema e fizerem com ela uma “brincadeira” que ela costuma aceitar quando está tudo bem, a reação dela pode não ser nada divertida e uma amizade pode ser perdida.
Por último, nunca discuta quando estiver nervoso. Quando estamos com raiva falamos asperamente e não filtramos nossas palavras. Muitas vezes nos arrependemos depois, aí já é tarde demais, não há como dar um Ctrl+Z e voltar, você vai ter que conviver com a conseqüência.
Quanto mais mansos e humildes formos mais conseguiremos chegar ao coração das pessoas.