[Comentários entre colchetes e grifos são meus.] Andorinhas-de-dorso-acanelado que constroem seus ninhos próximos a estradas desenvolveram asas mais curtas e mais manobráveis, o que pode tê-las ajudado a fazer desvios rápidos de carros em sentido contrário, de acordo com o estudo Where has all the road kill gone? [Para onde foram todas as mortes por atropelamento?, em tradução livre], publicado na revista Current Biology.
Os autores do estudo descobriram a tendência após perceber que o número de aves mortas por veículos havia diminuído ao longo das últimas três décadas. Eles sugeriram que as duas descobertas fornecem evidências de adaptação relacionadas a estradas.
“Eu não estou dizendo que é tudo por causa do comprimento das asas”, diz Charles Brown, um biólogo da Universidade de Tulsa, em Oklahoma, e um dos autores do estudo. Mas ele diz que o encurtamento apoia a ideia de que as aves estão se adaptando a ambientes perturbados, assim como outros organismo presumivelmente estão.
Juntamente com Mary Bomberger Brown, uma ornitologista na Universidade de Nebraska – Lincoln, Brown rastreou populações de andorinhas-de-dorso-acanelado que vivem próximas a estradas no oeste de Nebraska por 30 anos, sobretudo para estudar os hábitos comportamentais dentro de suas colônias.
Esses pássaros invernam na América do Sul, mas se reproduzem na América do Norte, em colônias com mais de 12.000 adultos. Eles geralmente constroem seus ninhos cônicos feitos de barro dentro das laterais dos penhascos, mas também passaram a viver debaixo de pontes e viadutos.
Enquanto os dois pesquisadores verificavam as colônias próximas a estradas, Brown, taxidermista amador, coletou andorinhas mortas para empalhar – reunindo 104 adultos mortos por veículos e 134 adultos mortos acidentalmente em redes utilizadas para o estudo. Quando ele e Bomberger Brown notaram uma queda no número anual de atropelamentos – mesmo com o aumento da população geral – eles compararam as medidas dos dois grupos de aves empalhadas.
A equipe descobriu que as aves mortas por veículos tinhas asas mais longas que as aves que morreram em redes e que enquanto o tamanho das asas das aves que morreram atropeladas havia aumentado, o tamanho das asas daquelas mortas pelas redes – que representam a população geral – tinha diminuído.
Brown diz que existe evidência de que asas mais curtas tornam os animais mais ágeis: “eles podem fazer curvas em 90° mais rapidamente”, ele diz. Isso poderia ajudar as aves a evitar o tráfego quando saem ou entram em seus ninhos, ou quando levantam voo do chão, explica Brown. Isso por sua vez permite que elas sobrevivam e produzam mais descendentes de asas curtas.
Os pesquisadores tentaram descartar outros fatores que poderiam ter explicado a diminuição dos atropelamentos – incluindo mudança nos métodos de encontrar os animais, padrões de tráfego, predadores, doenças e animais carniceiros – mas reconhecem que isso pode ter sido causado por mudanças de comportamento, tais como as aves aprendendo a evitar os carros.
O taxidermista Johannes Erritzoe, da House of Birdresearch, em Christiansfeld – Dinamarca, também notou uma diminuição no número de atropelamentos de aves pela Dinamarca, e suspeita de seleção natural. Embora ele ainda não tenha medido o tamanho das asas, diz que pretende fazê-lo.
É difícil provar definitivamente que os animais estão se adaptando a vida em torno das estradas, diz o ecologista comportamental Colleen St. Clair, da Universidade de Alberta, em Edmonton, Canadá. Mas ela diz que “esta é a melhor demonstração de que eles têm essa capacidade”.
Fonte: Nature
As andorinhas-de-dorso-acanelado estão se adaptando ao ambiente em que estão vivendo. As aves mais adaptadas estão sobrevivendo e gerando mais descendentes, enquanto as menos adaptadas estão morrendo. Aves com asas curtas vão transmitir aos seus descendentes genes de asas curtas, então menos descendentes terão asas longas. Se um dia as asas curtas se tornassem prejudiciais, aconteceria o mesmo processo descrito acima, porém selecionando aves com asas mais longas. As evidências apresentadas pelo estudo dão suporte à seleção natural, que é um fato. Mas a seleção natural não é capaz de explicar a “macroevolução”, tão defendida pelos darwinistas, mas que não possui outras evidências além da “microevolução”.