Esse assunto me chamou a atenção sempre! Por que os irmãos apresentam tanta rivalidade? É claro que existem exceções, contudo, podemos observar que essa rivalidade é relatada desde os primeiros registros bíblicos. Desde Caim e Abel, até os contos de fada, como o de Cinderela e suas irmãs adotivas, esse fenômeno é comentado.
Crescer em uma família com outros irmãos é uma experiência comum entre os brasileiros. Geralmente quem tem irmãos passa mais tempo com eles do que com os próprios pais. Eles promovem um papel sumamente importante no desenvolvimento infantil.
O primeiro filho é, de certa maneira, forçado a se diferenciar do outro e, em geral, seguindo os valores dos pais. Isso acontece porque ele sente que precisa manter sua posição “privilegiada”.
Geralmente o desenvolvimento do primeiro filho é mais acelerado, enquanto o segundo mantem uma postura que requer mais atenção dos pais.
Existem, pelo menos, três formas de rivalidade:
- Herdeiro: os irmãos consideram que um dos filhos é o preferido dos pais;
- Competidor: acham que o filho favorito muda conforme o comportamento dos demais irmãos;
- Semelhante: os irmãos entendem que cada um é especial para os pais e, por isso, os conflitos são mínimos.
A rivalidade mal resolvida pode vir a ocasionar sentimento de inveja, intriga, manipulação, rancor, alienação, vingança, sabotagem, entre outros. A intervenção psicoterapêutica poderá ser muito eficaz para garantir que esses indivíduos superem seus inevitáveis conflitos.
Algumas causas para esses conflitos são:
- Favoritismo (por parte dos pais): pode causar grandes ressentimentos entre os filhos;
- Transferência da raiva: às vezes, sentimentos de hostilidade em relação aos pais ou outras pessoas significativas são descontados num irmão mais novo;
- Sentimento de inferioridade: acontece quando um irmão se vê como vivendo à sombra do outro. Sente como se sua individualidade lhe fosse roubada;
- Mudanças durante o desenvolvimento: as mudanças hormonais da adolescência podem ocasionar raiva. Questões referentes à identidade e à autopercepção contribuem bastante para os conflitos entre irmãos na adolescência;
- Ambiente doméstico: a estrutura familiar pode ser fonte de conflito. Podem competir por espaço e outros bens.
Como os pais podem ajudar:
- Analisar seu próprio papel: verificar se você não contribuiu para que o conflito fosse criado ou mantido;
- Descobrir a verdadeira causa do conflito: examinar se um irmão não está descarregando as frustrações no outro. Se é fruto de um sentimento de rancor aguardado. Ver se é fruto de alguma revolta, etc.;
- Examinar as suposições: é comum que irmãos façam suposições sobre o comportamento do outro sem nenhuma base real. Ajude-o a verificar se suas conclusões são ou não fruto da realidade;
- Levar em consideração o trato: o trato é que diante de um mediador, cada um dos irmãos discutam seus pontos de vista e que se estabeleça um trato que deverá ser cumprido por todos. Exemplo: quando um está estudando, o outro deverá diminuir o som da TV ou rádio. Isso deverá ficar, se possível, escrito e posto às vistas de todos.
- Detectar o abuso: não permitir, nem compactuar com nenhuma forma de abuso ou violência de qualquer tipo. Exemplo: não permitir xingamentos, brigas físicas e/ou humilhações;
- Ensinar o perdão: devem aprender a perdoar e a se perdoar;
- Encaminhar a um profissional psicólogo: quando observar que é necessário alguém para mediar e ensinar aos irmãos a se relacionarem.
Vou colocar aqui alguns versículos para que reflitam sobre o tema:
- “Não guardem ódio contra o seu irmão no coração; antes repreendam com franqueza o seu próximo para que, por causa dele, não sofram as conseqüências de um pecado”. Levítico 19:17
- “Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!” Salmos 133:1;
- “Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo”. Filipenses 2:14-15;
- “Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz”. Tiago 4:11;
- “Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê”. 1 João 4:20;
- “Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas; não sabe para onde vai, porque as trevas o cegaram”. 1 João 2:11.
Apesar dos conflitos, todos sabemos que os irmãos são fonte de alegria e amizade. Deus nos ajude a amar e a nos relacionarmos melhor com nosso “HERMANOS”.