A maioria dos adolescentes, inevitavelmente, dá muito mais importância ao seu grupo de amigos do que à sua família. Esta se ressente, tenta reverter a situação conversando ou então alertando sobre o perigo das “más” companhias, mas tudo isso às vezes parece inútil.
O que acontece de fato é que os adolescentes precisam dessa convivência para desenvolver habilidades sociais que começaram a adquirir com a família. Papéis sociais importantes como liderança, par sentimental, amizades permanentes, palhaço, negociador e tantos outros só são aprendidos na convivência com o grupo de pares. Não é exagero dizer que a entrada em um grupo é um acontecimento inevitável na passagem da infância para o mundo adulto. Faz parte do processo de elaboração da identidade. Quando chega a puberdade, o adolescente não se contenta mais apenas com a rede protetora da família e busca fora de casa outras referências para se formar como sujeito. É por isso que, nessa hora, os amigos crescem em importância. Por meio deles, o jovem exercita papéis sociais, se identifica com comportamentos e valores e busca segurança para lutar contra a angústia da solidão típica da fase.
Se a família inibe esse exercício, terá consigo um indivíduo com habilidades sociais pouco desenvolvidas e, o que é pior, com a exigência dessa mesma família para que viva os papéis que não aprendeu, de forma inteligente e bem sucedida.
Ao invés de atormentar o adolescente com ameaças e avisos, muitas vezes descabidos, os pais deveriam acompanhar os seus filhos à meia distância, cuidando para que a sua individualidade e autonomia não sejam desconfirmadas, mas demonstrando que o seu filho não é alguém solto no mundo, avulso e desamparado.
Aqui vão algumas dicas aos pais para viver melhor esta fase:
- Saiba o máximo que puder sobre as pessoas as quais o adolescente se ligou e como o grupo funciona. Há, em muitos grupos, um excesso de agressividade e morbidez.
- Não tente fazer parte da turma. Não é por aí que a coisa funciona.
- Nem todo adolescente “esquisito” é maconheiro. Não generalize e nem fale mal sem argumento dos amigos de seus filhos para evitar que se revoltem, já que o sentimento de rebeldia frente às injustiças é muito grande nessa etapa do desenvolvimento.
- No entanto, as drogas são uma possibilidade real no grupo. Saiba identificar os sinais que demonstram quando alguém está usando.
- Abra todos os canais de comunicação para saber, sem dar palpites, como o adolescente está se sentindo no grupo – suas queixas e demandas.
- A entrada, desde pequenos, em grupos como aventureiros, desbravadores, grupos de oração entre outros, cujos objetivos sejam espirituais, vai fazer com que este sentimento de pertencimento se desenvolva e sem os riscos de se unirem a grupos pouco recomendáveis.
Acredito que para evitar problemas maiores na adolescência como o uso de substâncias indevidas, grupos de pares perigosos e etc., é importante construir laços sólidos de amor, confiança e apoio desde a infância a fim de evitar que os conflitos sejam muitos entre pais e filhos na adolescência. Crie seu filho cercado de amor, afeto e genuína comunicação. Pois como a Bíblia mesma afirma em Provérbios 22:6 “ensina a criança o caminho que deve andar e ainda quando for velho, não se desviará dele”. Os valores ensinados na infância, mesmo que temporariamente deixados de lado na adolescência, deverão voltar com mais força, atendimento e aceitação quando esta esteja sendo finalizada. Trabalhe desde hoje e confie na promessa do Senhor de que tudo volta ao seu caminho original.
Um abraço a todos e até a próxima.
Muito bom artigo. Veio mesmo a calhar. Obrigada. Que venham mais!