Dúvida espiritual nos adolescentes

No mês passado falamos sobre a busca da identidade na adolescência. Nessa busca não podemos nos esquecer de que as dúvidas espirituais fazem parte deste “pacote”. Da mesma forma que os adolescentes mudam o estilo de vestimenta, de amigos, de ideias e de opinião, eles também questionam a religião.

É comum ver jovens questionando as crenças espirituais da família e acusando a Igreja de ser formada por um bando de hipócritas. Por outro lado, podemos observar alguns que tornam-se cada vez mais comprometidos e envolvidos com a sua fé. Seja qual for o seu caso, é importantíssimo que lembremos que esse processo é natural nessa etapa da vida.

A dúvida espiritual não é o mesmo que descrença. As convicções religiosas costumam mudar quando a criança entra na adolescência, porque o pensamento dela se torna mais abstrato, possibilitando que ela discorde de questões que antes eram uma realidade absoluta para ela. Na realidade, a dúvida vem quase sempre acompanhada de ansiedade ou depressão e pode se tornar muito perturbadora para alguns.

As causas da dúvida espiritual são difíceis de serem identificadas, contudo existem fatores que contribuem para ela:

  • O próprio crescimento: o amadurecimento espiritual não segue uma linha reta. Ele ocorre num processo cíclico composto de certezas, questionamentos e finalmente descobertas. Ainda assim, ao encontrar uma verdade é comum que ele em algum momento duvide da mesma. Alguns psicólogos, psiquiatras e teólogos inclusive enxergam a dúvida como um auxiliar da fé e não como algo que se opõe a ela. Não se alcançará a fé fugindo das perguntas, e sim lidando com a dúvida.
  • Piaget dizia que existem duas formas de processar informação: 1. Assimilação: o indivíduo procura unir uma nova informação às convicções já existentes; 2. Acomodação: ocorre quando as novas informações forçam uma mudança de pensamento a respeito de alguma coisa. Um exemplo disso são as dúvidas sobre Deus. Quando a nova informação não combina com as concepções anteriores do sujeito, podem ser geradas dúvidas espirituais.
  • Falta de exemplos: o adolescente necessita de modelos de espiritualidade vibrante em que possa confiar e respeitar. Necessita ver claramente a fé ser praticada por colegas e por adultos.
  • Idealismo: como uma das caraterísticas da idade é o idealismo, é frequente as desilusões e decepções com a Igreja. Inclusive, as dificuldades de lidar com suas tentações também aumentam ainda mais sua desilusão.
  • Experiências desagradáveis na Igreja: o adolescente é mais emotivo que racional. Lembra com mais facilidade dos sentimentos que dos fatos. Se não tiver sentimentos positivos na Igreja, o adolescente poderá experimentar dúvidas espirituais.

A pergunta é: como podemos ajudá-los a enfrentar esse conflito?

Aqui vão algumas dicas:

  • É necessário que as pessoas que lidam com esses adolescentes tenham uma experiência espiritual vigorosa e que transmitam satisfação espiritual. Isso irá revigorá-los e impactá-los.
  • Entender e possibilitar uma busca sincera: a atitude mais destrutiva que os líderes espirituais e os próprios pais podem ter para com um púbere que está passando por um período desses é tentar silenciar-lhes as dúvidas e incentivar a que ele as reprima. As dúvidas reprimidas tendem a ressurgir, enquanto as que se aprofundam, tendem a favorecer o crescimento espiritual.
  • Evitar respostas prontas: evite esse habito assim como indicar livros que façam o trabalho por você. O ideal é se oferecer para juntos encontrar as resposta. Isso irá favorecer o relacionamento de vocês e o dele com Deus.
  • Concentrar no relacionamento: incentive-o a entrar no grupo de jovens da Igreja que defenda os princípios da fé. Esse ambiente deve ser acolhedor. O que o adolescente mais procura não é uma resposta, e sim um relacionamento.
  • Promover nos grupos e nos cultos familiares momentos de reflexão onde os adolescentes possam expor suas dúvidas e ajudá-los a entender melhor o que lhes está causando dúvida.

Devemos incentivar e acompanhar nossos jovens na busca da verdade mediante a leitura das Escrituras. Ler com eles ou criar grupos de leitura da Bíblia ou de livros específicos para eles ajudará a encontrar respostas às suas inquietudes, e principalmente desenvolver relacionamentos satisfatórios. João 5: 39 nos diz: “examinai as Escritura, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim”.

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